Pormenor


Era uma vez um Pormenor escondido atrás de um arbusto. Ele estava atento a tudo, fundamentalmente atento a tudo, ele era um personagem curioso, multifacetado, corria atrás de tudo o que visse e não parava de sonhar com tudo, tudo o que lhe viesse à cabeça era tópico de conversa, tudo o que queria era aprender, aprender sempre e mais, muito mais, mais do que o tempo e mais que a realidade, aprender para evidenciar, pôr a descoberto, envolver-se nas maquinações mais ínfimas para assim pôr em evidência as partes realmente importantes, porque a importância das partes é inegável e o seu sentido prático era incapaz de negar-se a sí próprio qualquer vã tentativa reles de descoberta ou invenção. Não. O Pormenor conhece. O Pormenor evidencia-se notoriamente dos demais, mesmo os seus colegas como o Detalhe não conseguem atingir o propósito máximo do Pormenor. Ele é quem realmente conta, o Detalhe só consegue ir um pouco mais à frente, mas ele, ahh ele vai mesmo ao fundo das coisas, ele não se cansa com a iluminação do desconhecido, com a panóplia desenfreada de conceitos inausitados que possam estar mesmo ao virar da esquina, ao virar da página não escrita, ao virar do segundo. Procurar e percorrer, à procura do segredo, ele gosta de estar em volta do segredo, percorrer o círculo na sua incessante procura, porque o segredo sabe, o segredo esconde-se mas é descoberto aos poucos, porque Pormenor é também um segredo, e só os segredos se conhecem.

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